Tudo
aconteceu no inverno em Praga, eu era mais um dos médicos na Universidade de
Carlos... Sabe aquela vontade que a gente tem de mudar o mundo e fazer da
medicina um grande caminho para as transformações sociais?
Essa
universidade era uma das maiores da Tchecoslováquia, vivia com alguns amigos,
uma fenestra ruela de pedras largas, sem meios fios aparentes, onde as casas
são como se fossem gêmeas, algumas até parecem sobrepostas às outras,
tudo margeava o Rio Vltava, bem próximo à sua margem esquerda estava o Castelo Hradcany
do século XVII.
Era
uma dessas tardes bem frias, vento seco vindo da Boêmia com os ares mais
antigos e grotescos de uma Europa Medieval, foi quando tomado por uma incrível
presença percebi, sentada, à beira da ponte de Carlos, Helena.
Tive
certeza de quanto Deus é Misericordioso! Ela tinha um broche verde, abrilhantado
à sombra de seu cabelo à esquerda, seus olhos... Ah... Seus olhos! Eram
esmeraldas à procura de seu descobridor.
A
força dos vinhedos enredou-me por misteriosos lampejos, ela era para mim a aparição
edificante, como se fosse a celebração na Catedral de São Vitor, suas mãos
acariciavam folha por folha de um romance de Milan Kundera. Não tive dúvidas,
me transportei às lendas mais antigas à procura do elixir da longa vida. Diz a
lenda do Rei Rodolf II que ao encontrares o amor de sua vida, seu espírito
seria agraciado com a eternidade.
E
então, nossos olhares se cruzaram e se doaram, carmelitamente, como se fora um
milagre, eles de tão insólitos se tornaram pitorescos, um à procura do outro.
Nada
foi dito... E não é preciso dizer muito quando encontramos aquilo que
procuramos por toda a vida. Nada foi dito! Nossos membros se tocaram de forma
incandescente, o suor ao vento, ao frio, ao rio... Nossos beijos surdos,
noturnos, apostolados, era panorama do céu, do mar e do rio.
Helena
me fez compreender porque muitos viveram e morreram à primavera de Praga, me
fez entender a força dos guerreiros tchecos e eslavos; me fez compreender que
entre as colinas, os homens serão para sempre em suas histórias e delas
restaram as recordações das flores, das pedras sentinelas, caladas pelos
canhões soviéticos.
Um comentário:
Flor de Inverno é uma linda crônica. Transportou-me até Praga, onde as paisagens do RIO VLTAVA são de uma beleza ímpar e o romantismo aflora no pensamento.
Parabéns!!!!!!!!!!!!
Que DEUS esteja sempre com você.
Bjos
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