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Miradouro, Minas Gerais, Brazil

As Minhas 15 Mais

22 de março de 2010

Projeto Ouro Branco: Um Sonho de Ouro se Realiza

    Miradouro como na grande maioria dos pequenos municípios desta região da Zona da Mata Mineira, possui 50% de sua população vivendo no campo. Predominando a agricultura familiar. Como nos demais municípios a principal atividade produtiva é produção leiteira.
    Os produtores de leite de Miradouro, trabalhavam, utilizando o método tradicional de armazenamento e transporte de leite, ou seja, ainda usavam as latas, onde o produto permanecia em temperatura ambiente até chegar à indústria, comprometendo assim sua qualidade. Nessas condições o leite passa a ter uma baixa qualidade para a indústria, que paga por ele um valor abaixo da média ao produtor.
   Identificamos ainda que o rebanho dos produtores alimentava-se apenas de pastagem, fator que prejudica intensamente a produção em função da falta de alimentos durante a seca. Esses produtores não contavam com a infra-estrutura adequada ao escoamento da produção, além disso, individualmente não tinham força política para negociar o preço da produção, assim recebiam uma quantia irrisória por litro de leite, ficando sem condições de investir em suas propriedades, bem como mantendo uma qualidade de vida precária, sem perspectivas de futuro.
    Para resolver estes problemas e dar um futuro digno aos produtores foi criado no ano de 2005 o Projeto “Ouro Branco”.
   Este projeto consiste na implantação de um novo paradigma para os produtores, pois até então a única forma de atuação deste segmento no município era de maneira isolada, e dentro do projeto a diretriz básica é o associativismo.
    Foram criados 23 núcleos de produtores, a prefeitura fez um projeto para captação de recurso junto ao PRONAF. Para instalação de tanques resfriadores em cada núcleo, que atendem a aproximadamente 12 famílias por núcleo. Desta forma cada família produz o leite e leva imediatamente ao tanque de resfriamento de seu núcleo. De forma a garantir a qualidade do leite, aumentando assim seu valor de venda.
    Como forma de melhorar a qualidade e a produtividade dos animais O projeto distribuiu gratuitamente, 72 toneladas de mudas de cana de alta produtividade, adaptada à região e aprovada pela EMBRAPA. A prefeitura disponibilizou um trator para a aração da terra, onde o produtor paga apenas o combustível. Deu suporte técnico necessário para orientar o plantio das capineiras, irrigação e divisão de pastagens, fator que garantiu um rebanho bem alimentado aumentando assim de forma considerável a produção, e a média anual por produtor.
    Na fase do melhoramento genético, foi trabalhada a melhoria do rebanho de forma gradativa, foram selecionados os melhores animais e iniciado o processo de inseminação artificial, para tanto a prefeitura firmou parceira com indústrias e empresas do ramo, e as mesmas patrocinaram a realização de 23 cursos, sendo um em cada núcleo. Todos os membros da família foram capacitados, e assim cada produtor cuida do seu rebanho sem precisar contratar mão de obra de terceiros. As propriedades recebem visita gratuita do técnico da empresa parceira que faz o acasalamento genético indicando o sêmen certo para cada animal.
    A prefeitura comprou 11 botijões de sêmen, e outros 12 foram adquiridos em parceria com a UFJF. E de acordo com a orientação técnica os produtores utilizam o material para inseminação do rebanho, o que garantiu em pouco tempo melhoria significativa do rebanho e aumentou muito a produção de leite.
    Com a finalidade de diminuir o custo do transporte, o município adquiriu um caminhão adequado para transportar o leite, e é responsável pela manutenção do veículo e o pagamento do motorista. O combustível é dividido pelas 280 famílias envolvidas no projeto.
    Foi implantado o “Programa de Educação do Campo”, esta iniciativa resultou na implantação dos anos finais do ensino fundamental em toda Zona Rural, hoje temos na grade curricular o conteúdo de práticas agrícolas, com aulas praticas nas propriedades piloto. Buscamos trabalhar a auto-estima de nossos alunos rurais, onde se ensina que o homem do campo deve olhar com a cabeça erguida ao horizonte, tendo sempre orgulho de sua história e de sua gente, objetivando a permanência das famílias no campo.
    Reestruturamos a Secretaria de Saúde, criamos então pólos de saúde dentro das propriedades piloto, aumentamos mais 2 equipes de PSF e criamos mais 4 equipes de saúde bucal para atender as pessoas em suas localidades.
    Cercamento das nascentes de águas e construção de fossas sépticas nas propriedades envolvidas no projeto.
    Se analfabeto matricular no Programa Brasil Alfabetizado, manter o cartão de vacina de seus filhos em dia, freqüência escolar acima de 75%, comparecer às palestras bimestrais proporcionadas pela equipe de técnicos que dão suporte ao projeto, melhorando não apenas sua renda mas sua qualidade de vida.
    Para a implantação do Projeto Ouro Branco foram realizadas Oficinas teórico-práticas, houve análise da vocação do indivíduo, várias reuniões foram necessárias para transmitir segurança aos associados, porque eles estavam inseguros por adaptar suas propriedades a uma nova cultura, rompendo e às vezes aprimorando as práticas adotadas até então. A sistemática do projeto trabalhou o associativismo, mostrando à população que era fácil a realização do projeto em função da agregação e otimização do que já era produzido.
    O projeto criou núcleos de micro-agricultores que possuíam de 1 a 30 hectares que eram o público alvo do projeto, em torno de 260 a 280 famílias foram divididas em núcleos por regiões. Num primeiro momento, houve a formação das ASSOCIAÇÕES. A prefeitura construiu 23 galpões responsabilizando-se pela Logística, parte Elétrica e Hidráulica com recursos vindos parte do ICMS, parte do IPTU. Foram adquiridos ainda nesta fase, 23 tanques de resfriamento do leite co recursos provenientes do PRONAF.  
   Num segundo momento, os técnicos da Prefeitura, do Sindicato dos Trabalhadores Rurais e da EMATER, atuaram nas propriedades transmitindo conhecimentos sobre Manejo, Qualidade do Leite, Sanidade do Rebanho e sobre o Gerenciamento das Propriedades. Além disso, nesta fase foi colocada à disposição do projeto 2 tratores, e cada proprietário envolvido no projeto pagaria apenas o óleo, ou seja, o equivalente a R$13,00 a hora , e teria direito a 10 horas de trabalho do trator em sua propriedade.
    O projeto também fez um mapeamento do melhor tipo de alimentação para o gado da região, após este mapeamento realizado em parceria coma a EMBRAPA, a prefeitura adquiriu 72 toneladas de capineiras e mudas de cana e distribuiu às famílias envolvidas no projeto.
    Visando dar continuidade ao projeto a prefeitura manteve contato com empresas e entidades que atuam no ramo da inseminação artificial, de modo que estas pudessem capacitar as famílias com esta tecnologia, possibilitando a melhoria genética do plantel. E para finalizar esta etapa do projeto a prefeitura adquiriu um caminhão apropriado ao transporte do leite e deixou-o à disposição dos produtores participantes do projeto.

* Dar uma vida digna ao homem do campo, valorizando a vocação do município, evitando assim o êxodo rural;

* Aumentar os postos de trabalho na cultura do leite;

* Aumentar a renda dos produtores rurais;

* Erradicar a desnutrição do município;

* Fortalecer o cooperativismo;

* Preservar o meio ambiente.

Resultados

• Antes da criação do projeto em 2005, a produção de leite dos produtores envolvidos era de aproximadamente 1.700 litros/dia, sendo comercializado pelo valor de R$ 0,40 o litro, o que alcançava um faturamento bruto mensal de R$ 20.400,00. Hoje, após a implantação do Ouro Branco e produção, das mesmas famílias, é de 10.000 litros/dia, sendo agora comercializado por R$ 0,75 o litro o que proporciona um faturamento bruto mensal de R$ 225.000,00 o que representa um aumento de 1.103% no faturamento.

• O conjunto de ações integradas e articuladas promoveu grandes avanços. Tínhamos em 2005, 189 crianças desnutridas no município, zeramos esse número. Em 2009 temos apenas 40 crianças com baixo peso. Em 2005 tínhamos 21% da população de analfabetos, em 2008 somamos apenas 7%. O índice de desenvolvimento da Educação Básica era em 2005 3,7 e em 2008 avançou para 5.

• Constituição de 23 núcleos de produtores que a partir do projeto passaram a negociar sempre em conjunto, melhorando o preço de venda e reduzindo os custos de produção.

• Recebimento de um prêmio do Instituto Ambiental Biosfera pelo cercamento de nascentes em 40 propriedades envolvidas no projeto Ouro Branco.

• Aumento da arrecadação municipal com o repasse do ICMS em torno de 30%.

• Dinamismo na economia local, com a abertura de 3 novas empresas ligadas ao leite.

• Melhoria da qualidade de vida dos produtores, em 90% das famílias já houve a compra ou troca de veículos e motos, aquisição de antenas parabólicas, aparelho de DVD substituição dos telhados das residências, de telha de amianto para telhas de barro.

• Geração de 90 postos de trabalho, sendo 50 diretos e 40 indiretos.

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